domingo, 26 de agosto de 2012

MIA COUTO, Elementos


MIA COUTO,
ELEMENTOS
Era água, mas ardia.
No centro do teu corpo ardia.
Como um sol em plena chuva ardia.
  Era boca, mas navegava.
Entre beijo e barco se perdia, água já sem viagem, navegava.
  Rumo a um destino que fica depois do lugar derradeiro navegava.
Pensei que era a noite, mas era a terra.
  Em mim se deitava um corpo e era eu que me erguia vazio como um rio nu.
Terra que entreabria e penetrava e, afinal, era semente, flecha de luz, cinza antes de fogo, semente. No falso suicídio da estrela-cadente era terra, água, semente,
Tu. in IDADES CIDADES DIVINDADES (Caminho, 2007)

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